No património edificado dois espaços assumem relevo estando classificados como monumentos de interesse público: a capela-santuário de Nossa Senhora da Alegria, datada de 1634, com caixotões em madeira pintados, e o conjunto azulejar com cenas da Vida da Virgem, de fabrico coimbrão; e a capela de S. Pedro, do início de setecentos, de carácter regionalista, mas eivada de eruditismo de influência maneirista. A Igreja de Santiago, datada do séc. XVII, completa o núcleo patrimonial mais antigo e significativo, remetendo para as antigas peregrinações.
A fonte do Calvo é lugar de visita obrigatória pela importância que assume no imaginário coletivo, ponto de encontro da população, onde se cruzavam diversas artes e ofícios nas suas rotinas diárias, com tradução no belo painel de azulejos. A curta distância, contemplamos aquela que se diz ser a mais antiga das alminhas da freguesia que rivaliza em importância, com as alminhas do purgatório, no centro do lugar de Almalaguês.
O património imaterial é profundamente marcado pela tecelagem, traço distintivo da freguesia não só no município e região, mas também no país, e até no contexto europeu, com belíssimas peças artesanais produzidas a partir de magníficos teares e seus instrumentos, que podem ser observados na sede do Grupo Folclórico e Etnográfico “As Tecedeiras de Almalaguês”, no núcleo museológico do Centro de Instrução e Recreio, em Torre de Bera, ou na Herança do Passado, em Anaguéis.
Assinalem-se, também, algumas tradições, usos e costumes, como a recriação das merendeiras na Romaria da Senhora da Alegria, o cantar das almas na Quaresma, ou o jogo do laço e as pulhas, pelo Carnaval. A interligação do material com o imaterial encontra no aspeto lendário um ponto interessante de conexão: o topónimo Almalaguês deriva do antropónimo Soleima Almalaki, abastado proprietário mouro.
Almalaguês/Torre de Bera foram classificadas, em 2023, como “Aldeias de Portugal” pela Associação de Turismo de Aldeia (ATA), reconhecendo e salvaguardando os seus saberes, costumes e tradições.