No Ameal, as Filhoses da Massa da Broa.

“O milho era uma riqueza que a gente tinha. Fazíamos a Broa que era o que se comia todos os dias, o pão de trigo era pouco e não havia. E, quando se amassava a broa, tirávamos um bocadinho de massa para fazer umas Filhoses. Eram fritas em azeite e, no final, comiam-se com um bocadinho de açúcar. As Tortas eram outra coisa boa que se faziam. Púnhamos a massa muito esticadinha em cima da pá de ir ao forno, depois, por cima, púnhamos a sardinha já lavadinha e temperada com sal. Tapávamos com mais massa e metíamos ao forno. Com a pá batíamos em cima da Torta para ela ficar achatadinha. Era para cozer mais depressa. Também havia quem cozesse a Torta só com a azeite ou com umas rodelas de chouriço.”

Memória Oral

Outrora, antes da mecanização da agricultura, os trabalhos do Arroz ocupavam ranchos de homens e mulheres. Da plantação dos pés de arroz criados em viveiro, à monda para tirar a milhã, à ceifa feita no fim do verão, os campos enchiam-se de trabalhadores. Ainda há quem lembre as sezões, as febres que as águas paradas traziam pelo mosquito que ali se desenvolvia. Mas, apesar de ser o Baixo Mondego um lugar de produção deste cereal, era o Milho que se produzia, no Monte e no Campo, que todos os dias alimentava a família e a comunidade. Da massa da Broa, faziam-se umas Filhoses que se fritavam em azeite e a fazia-se a Torta. Era como a broa, só que mais pequena e mais achatada, assim, cozia mais depressa, era um pão que se fazia rápido. Tão importante era a Broa que se dizia «migalhinhas para os passarinhos. Diabo não, que não tem precisão.»

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