Na Lamarosa, as Papas.

“Com o que sobrava da Sopa, faziam-se as Papas. Era só juntar mais um bocadinho de água e, aos poucos, ir metendo a farinha de milho, sempre a mexer. No fim, era um bom fio de azeite para as deixar mais azeitadas. Aquilo era bom que eu sei lá! As Papas Laberças eram feitas com a hortaliça que houvesse na horta. Migada muito miudinha como para caldo verde, cozia-se em água e sal, depois, juntava-se azeite, alho para dar gosto, um bocadinho de chouriço, se houvesse, e a farinha de milho. Até se comia sem nada, mas quando se podia acompanhavam-se com azeitonas ou sardinha assada. Outras Papas, eram aquelas que se faziam doces. Punha-se água ao lume, juntava-se a farinha de milho, mexia-se bem mexidinho e, já no prato, punha-se um bocadinho de açúcar e comiam-se só assim, sem mais nada.”

Memória Oral

Situada sobre uma língua de terrenos calcários que atravessam o Baixo Mondego e na proximidade dos campos férteis do vale, no passado, a comunidade de Lamarosa dividia a sua atenção por entre as culturas de sequeiro, no Monte, e as de regadio, no Campo. Importantes no sustento diário e no orçamento familiar, o Milho, o Arroz, o Olival e a Vinha, tinham aqui forte expressão. Mas, também a abundância de calcário trouxe riqueza a esta comunidade pela produção de giz e de cal. Na memória, fica a necessidade de uma alimentação que desse amparo a atividades tão exigentes. Do calor extremo dos fornos da cal à monda do arroz, as Papas feitas com farinha de milho eram refeição farta, forte e plena de sabor.

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