Em Trouxemil, os Folares.

“Pela Páscoa, coziam-se sempre os folares, eram uns bolos dobrados que eram cozidos em cima de uma folha de horto. Davam muito trabalho porque tinham de ser bem amassados e levavam muito tempo a levedar, mas na Páscoa era o que todos queriam. Para o almoço, era a Carne Assada, a Chanfana como se diz agora. A carne de cabra era assada nas caçoilas de barro preto com o tempero da cebola, azeite, alho, colorau, sal e vinho tinto. As fressuras da cabra eram guisadinhas e o bucho, depois de bem estonado, preparava-se com o mesmo tempero da Carne Assada. Eram os Negalhos. Pelas festas, fazíamos uma Broa Doce ou Broa Mimosa, era mais trigueira que a broa normal, era feita com a base da farinha de trigo, farinha de milho, açúcar, canela, erva-doce. Comia-se a acompanhar a Chanfana.”

Memória Oral

Por altura da Páscoa, os ovos não se vendiam, ficavam reservados para os Folares. Amassados a preceito, nem todas as mãos conseguiam fazer boas fornadas, por isso, na altura de os fazer, seguia-se uma prática ritualizada que terminava na cozedura. Assim, para que, no forno, não secassem, eram cozidos em cima de uma folha de horto. Mas, depois do jejum e abstinência que a Quaresma impunha, para além dos Folares, em Trouxemil, a Páscoa era momento de sentir à mesa a promessa da abundância que renascia no novo ciclo agrícola. Comia-se a Chanfana, as Fressuras Guisadas, os Negalhos. A refeição era rematada pelo Arroz-Doce, receita de sempre todas as casas do concelho de Coimbra.

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