Em Torre de Vilela, a Broa Mimosa e a Chanfana.

“Sempre se fez bom vinho por aqui. Havia muito Fernão Pires, Poeirinho, Cagado das Moscas, Cacho Formosa, Bastardo, Trincadeira. Era com vinho tinto do bom que se fazia a Chanfana. Não havia casamento ou festa que não tivesse Chanfana e, em Torre de Vilela, era hábito acompanharmos com Broa Mimosa. Levava mais trigo do que milho. Punha a farinha de milho, fazia uma cova onde punha o sal e escaldava-a com água a ferver. Apunhava-se a massa e, depois, é que juntava o fermento, a farinha de trigo, o açúcar, a canela e a erva-doce. Depois, benzia-se a broa para ela levedar e dizia-se «São Mamede te levede, São Vicente te acrescente, Nosso Senhor te ponha a virtude, que eu da minha parte fiz o que pude». Só quando a farinha se apagava e a cruz ficava sumida, é que se acendia o forno. Na Festa ao Mártir São Sebastião levavam-se umas fogaças com um Frango Tostado, uma garrafa de vinho, um prato de Arroz-Doce e uma Broa Mimosa.”

Memória Oral

Por entre as pequenas colinas que definem a paisagem de Torre de Vilela, dispõem-se as habitações e as terras de cultivo que ainda mantêm um perfil rural apesar da proximidade à cidade. Mais dotados para o olival e para a vinha, tradicionais culturas de sequeiro, os terrenos davam muita Azeitona e a Vinha era importante suporte financeiro na economia doméstica. O porte das oliveiras que se encontram por entre as casas denunciam a antiguidade do olival que ainda resiste. Seria relevante a produção de azeite conseguida todos os anos pois que, em noite de Nossa Senhora das Candeias, os caminhos eram devidamente alumiados com as candeias em cima dos muros relembrando a importância daquele óleo vegetal. Mas, as azeitonas eram alimento só por si. Depois de curtidas eram temperadas com louro, alecrim, pimenta, sal e alho e serviam de saboroso conduto.

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