Em Taveiro, o Fumeiro.

“As carnes mais ensanguentadas migavam-se para dentro de um alguidar onde já estava o sangue mais escuro, aquele que saía logo quando picavam o porco no coração. Era tudo temperado com cebola, salsa, cravinho e sal. Ficava de um dia para o outro e, depois, enchiam-se e iam ao fumeiro. Chamávamos nós a Cacholeira. Outras pessoas faziam com os ossos da cabeça cozida. Depois de bem cozidas, tiravam aquelas carnes que saíam dos ossos e temperavam com cebola, salsa, sal e cravinho. Também gostava muito das Azedas. Ao molho das chouriças, juntavam algumas gorduras, e farinha de milho e trigo. Ficava uma massa que, depois, se enchia nas tripas. Ficavam amarelinhas, muito boas para comer com favas.”

Memória Oral

Tudo tinha o seu proveito, das carnes da Matança ao fumeiro e salgadeira, o Porco era o pilar de uma economia que, pela salga e pelo tempero, gerava a abundância. Era, por isso, bem tratado e bem cevado, sem nunca se regatear comida aquele animal. Das receitas da matança e da desmancha, o Sarrabulho é, ainda hoje, memória viva à mesa da comunidade de Taveiro e motivo para refeição de família. Os enchidos, feitos para animar os dias ao longo do calendário alimentar, são ricos, na forma e no conteúdo. As Chouriças de Carne, as Morcelas, as Azedas e as Cacholeiras asseguram que Taveiro sempre cuidou do fumeiro de forma singular levando para o futuro receitas plenas de sabor.

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