Em Souselas, o Arrobe.

“Havia muita vinha por aqui, ainda há. De castas, havia o Carrega Bestas, que dava muito grão ao vinho, o Poeirinho, a Trincadeira, o Fernão Pires, o Boal Mole, que era branco, o Tinturão, o Cagadinho da Mosca, a uva Formosa. Fazia-se o vinho em casa, era pisado com os pés na dorna, punha-se no tanque ou balseiro a ferver e era mexido três vezes ao dia. As uvas juntavam-se todas, não se separavam como agora. Ficava sete ou oito dias, dependia do grau que tinha, havia um pesa mosto que media o grau. Quando pisavam os cachos, tiravam uma parte do mosto, depois, era coado para se tirarem as cascas e posto a ferver numa panela até apanhar ponto de estrada. Comia-se no pão ou como sobremesa. A minha madrinha é que me ensinou esta receita de Arrobe.”

Memória Oral

Em Souselas, a Vinha persiste como elemento que marca a paisagem trazendo a Bairrada até ao concelho de Coimbra. Da vinha, o Vinho tão reputado e afamado. Mas, na memória associada à vinha, persiste também o registo de outras práticas alimentares. O Arrobe, produto da criatividade humana, tem lugar no imaginário culinário desta comunidade.

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