Em São João do Campo, o Queijo era um Fruto do Vale do Mondego.

“Havia muitas senhoras que, aqui à volta de São João do Campo, faziam queijos. Por Lamarosa, Ardazubre, S. Martinho de Árvore, S. Silvestre, Ardazubre, Póvoa do Pinheiro, viam-se rebanhos, sobretudo de ovelhas, embora tivessem sempre uma cabra ou duas. Com o leite das ovelhas, faziam os queijos frescos, já o leite da cabra era para as necessidades da casa. Punham-se os queijos a secar numas tábuas de madeira suspensas em arames, ficavam ali a curar. Depois, íamos vender ao mercado de Coimbra, íamos a pé com uma cestita às costas. Uma vez, o meu pai adoeceu e mandou-me ir buscar os queijos, mas eu, que era pequenito disse-lhe, «mas eu não sei a casa das pessoas!» Respondeu o meu pai, «não te preocupes que a burra ensina-te». Lá fui eu, a cavalo na burra. Passámos na Lamarosa e quando chegámos ao portão a burra parou, bati na porta, a senhora conheceu a burra e deu-me os queijos. Quando cheguei a Ardazubre, o mesmo aconteceu e assim sucessivamente até chegar a casa.”

Memória Oral

Tão perto do Monte e tão perto do Campo, os trabalhos agrícolas das terras de sequeiro e das terras de regadio preenchiam os dias da comunidade de S. João do Campo. O Milho, omnipresente, porque rentável na produção das terras secas e nas húmidas. Já o Arroz, resgatava para si a exclusividade do campo, pois que aí era onde havia fartura de água capaz de encher as marinhas. A vinha e o olival, situados nos terrenos altos do monte, tinham a companhia de alguns rebanhos de ovelhas Bordaleiras que por ali se instalavam e pastavam. Fruto de hábitos antigos de transumância, que traziam rebanhos desde a serra até à planície seguindo a linha do Mondego, a presença das ovelhas Bordaleiras permitiam a produção de Queijos que eram, depois, vendidos pela cidade. Frescos ou curados, eram os queijos um fruto que Coimbra recebia do Vale do Mondego, deixando perceber que a pastorícia também por aqui tinha tradição.

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