Em Ribeira de Frades, o Mondego ficava mais belo quando as moças, depois dos trabalhos nos campos do Arroz, se iam lavar nas águas do rio e, de regresso a casa, cantavam e bailavam como se o dia não tivesse sido de esforço. Era um Mondego lindo que se cruzava com a vida das pessoas e as fazia sentir parte da sua história. Na oitava da festa da Nossa Senhora da Nazaré, ajeitavam-se os farnéis e ia-se até ao areal comer o que ainda tinha sobrado do farto almoço daquele dia festivo. Vivido com pompa e circunstância, o dia de celebrar a padroeira deixou a memória de rituais que ainda hoje são cumpridos por toda a comunidade e que jamais esquecem a ligação antiga com o Mosteiro de Santa Cruz. Todos os anos, se vive com particular emoção a chegada do Círio que, vindo de Santa Cruz, é depois exposto pelas ruas de Ribeira de Frades. É o Mondego o fio que une esta comunidade. Outrora, alimentava aqueles campos com os nateiros das cheias sendo, por isso, senhorio de terras tão desejado pelos monges crúzios pelos frutos que davam. Era, também, o rio alívio para o calor, nas tardes quentes de verão. Lugar, ainda, de encontro solitário e de confraternização comunitária, nunca o Mondego se desprendeu dos braços desta comunidade.