Outrora, pelo vale do Mondego, todos os caminhos do pão iam dar a Cernache. A múltipla presença da água, através das nascentes de Feteira, do Olho Marinho, de Salviegas, de Vila Nova e do Rifano, que no seu conjunto faziam a Ribeira de Cernache, criavam a força motriz necessária para que muitos rodízios fizessem girar as mós que moíam o cereal. Os caminhos dos Moleiros contavam as histórias do taleigo que ia cheio cereal e que voltava com farinha, depois de retirada a maquia. Fosse a moagem de Milho do Monte ou do Campo, Trigo, Centeio ou Cevada, pelas margens das ribeiras, era o trabalhar das mós o som que se misturava com a água. Até fava e milho painço passavam por estes moinhos. Da margem esquerda à margem direita, do topo norte às redondezas de Cernache, sentia-se a fama daqueles moleiros. Por isso, todos os caminhos do pão iam dar a Cernache, por entre as pedras das mós, uma nova vida, um novo ciclo iniciava-se para o cereal. E eram o moleiro e a moleira os obreiros dessa transformação.