Em Assafarge, a Vinha e o Olival.
“Sempre que fazíamos a vindima guardávamos um bocado de mosto para fazer Arrobe. Era o sumo das uvas, mas antes de entrarem em fermentação. Punha-se num tacho ao lume e deixava-se ferver até reduzir para metade. Era muito bom para se barrar o pão. Para além do Vinho, também se fazia a Jeropiga. Quando era pelos Santos, no dia 31, os miúdos iam pelas casas pedir os bolinhos e recebiam os tremoços, os figos secos, as passas de uva, umas maças, e os mais velhos iam a casa duns e doutros e bebiam jeropiga a acompanhar qualquer bolito que se comesse. Como, em Assafarge, o ar era mais seco, conseguia-se secar muita fruta. A minha avó secava figos Pingo de Mel, ameixas, pêssegos e uvas. Punha a fruta em cima duns tabuleiros com rede e deixava-os a secar ao sol, à noite retirava-os por causa da humidade. Também havia outra tradição que eu gostava muito. Na Sexta-Feira Santa, os miúdos iam pedir e diziam «dê-me uma esmolinha pela sagrada morte e paixão de Nosso senhor Jesus Cristo» e alguns acrescentavam «ah e eu só tenho isto!». Nesse dia recebiam milho, feijão seco, laranjas, uns peros que duravam muito, os malápios e dinheiro.”
Memória Oral