Em Arzila, O Paul, depois o Monte e o Campo.

“No Baixo Mondego, os traços da paisagem evidenciam a intervenção humana, consequência da humanização do vale. Circunscrever as águas ao leito, drenar os terrenos para os tornar férteis, demarcar o espaço do homem e o espaço do rio, foi ao longo dos séculos preocupação. Resquício de um tempo passado em que a água ia para além dos limites que o esforço humano lhe impunha, o Paul de Arzila é uma fatia de tempo imune à domesticação da paisagem. Por isso, a comunidade soube dialogar com aquele espaço apaulado que tanto lhe poderia dar. Da pesca das Enguias ao Bunho que servia para fazer esteiras, o Paul tornou-se o coração de Arzila para além da comunidade humana que o envolvia. À volta, o Monte e o Campo, como em todo o Vale, mas o Paul fez-se o centro desta comunidade.”

Memória Oral

Arzila vivia virada para o Paul, nem casas havia viradas para a estrada como há agora, estavam todas viradas para o Paul. Era lá que as pessoas pescavam e apanhavam os ruivacos, as enguias, o pimpão. Eram peixes que se cozinhavam fritos. As enguias eram apanhadas e deixadas no Paul, numas caixas com uns furos. Assim, ficavam no ambiente delas e iam-se buscar consoante a precisão que se tinha. Muitas vezes, punham as enguias conservadas em vinha d’alhos para fazer em arroz. Primeiro, faziam o estrugido e juntavam as enguias, depois, era a calda feita com água e um bocadinho da vinha de alhos e, por fim, punham o arroz. Ficava um arroz caldoso. Antigamente, toda a gente aqui aprendia a fazer as esteiras com o bunho, os serões eram passados na rua a fazer essas esteiras que se vendiam para várias partes do país.

Descubra a ruralidade de Coimbra.

Mais territórios