Em Antanhol, dos Trabalhos Agrícolas à Festa do Santíssimo Sacramento.
“A festa principal aqui é no segundo Domingo de Setembro, é a festa do Santíssimo Sacramento. Antigamente, fazia-se uma Canja de galinha e um bocadito de Chanfana. Temperava-se a carne de carneiro ou ovelha que se comprava. Costumava vir cá um homem com um rebanho e as pessoas escolhiam o animal que queriam. Ainda hoje, toda a gente continua a fazer a Chanfana pelas festas. Depois da carne partida, tempera-se com cebola, alho, louro, colorau, piripiri, sal e vinho tinto até cobrir a carne. Depois, põe-se no forno de lenha e fica ali muito tempo a apurar, tem de ficar muito apuradinha aquela carne. Antes, as fressuras guardavam-se e, pela semana em diante, iam-se comendo guisadas com batatas, arroz ou massa. Com a cabeça do carneiro fazia-se uma sopa que ficava muito boa. Abria-se a cabeça e punha-se a cozer, na água da cozedura da cabeça é juntavam cebola, alho, batatas e uma couve.”
Memória Oral
A Broa, as Filhoses da Massa, a Torta, as Papas. Receitas que o Milho dava e que alimentavam na rotina dos dias, pois que era este o cereal que mais se cultivava pelos terrenos de Antanhol. Ainda que algumas quintas também semeassem trigo, eram os campos de milho que faziam mancha e que preenchiam os trabalhos agrícolas dos dias quentes de Verão. Trabalhava-se arduamente para que, no Inverno, o grão fosse suficiente para fazer a Broa. Por isso, Setembro era vivido com alegria, terminavam-se as tarefas das colheitas vividas no entusiasmo das escamisadas e, no segundo domingo, celebrava-se a festa do Santíssimo Sacramento com a certeza de refeições fartas e suculentas. Todos aguardavam, ansiosamente, a Chanfana. Depois de uma preparação apurada e de várias horas no forno, chegava finalmente o momento de comer aquela carne curtida e temperada pelo vinho. No final, o Arroz-Doce fazia sentir que era um dia especial, de folga do trabalho e da rotina. Pelos dias seguintes, os proveitos do animal davam um outro gosto e uma outra presença às refeições.
